quarta-feira, 28 de março de 2012

SIS e PSP. Agentes provocadores em manifestações.

Foto Patricia de Melo Moreira-AFP- Guardian. Març.2012 

O inquérito aos incidentes no Chiado só estará concluído em meados de Abril.Não vai cair no esquecimento. Hoje mais um relatório da PSP é conhecido, assinado pelo superintendente – chefe Guedes da Silva (Público).

O papel dos relatórios internos quer do SIS quer da PSP têm tido um papel essencial na criação de conflitos, os termos “apocalípticos”, a montagem ficcionada de cenários de grande violência, que nunca aconteceram, tem levado à predisposição das forças de intervenção para exercer violência que resulta gratuita.

A polícia de choque vai para o terreno atiçada pelos seus superiores.

Os relatórios internos alarmistas (que sabem ser públicos mais tarde ou mais cedo) sucedem-se. Já o ano passado, um documento elaborado por “comandantes da PSP” que não se sabe se é um organismo, comissão ad-hoc ou grupo da sueca de Rio de Sapos, previa cenas de violência com tumultos semelhantes aos que se viveram no PREC.

Agora o SIS indicou às forças de segurança que se deviam preparar para “ruas ocupadas e bloqueadas e para o lançamento de cocktails molotov”, em seguida virão (verão) armas de destruição massiva.

No documento de Guedes da Silva ele refere como desafio da PSP o “bom senso na actuação em situações decorrentes do direito de reunião e manifestação”. É o que tem faltado.

À incompetência do SIS somam-se a inabilidade dos chefes da PSP e a inaptidão dos agentes. O agressor da jornalista da AFP (em cima, ao centro, de óculos escuros, fotografada pela própria) acompanhou a manifestação com o bastão virado ao contrário, em atitude provocatória. Ou não pode exercer a função de “força da ordem” ou é essa postura que o poder deseja; as consequências do inquérito responderão.

Os sindicatos da polícia podiam ter um papel de esclarecimento junto dos seus filiados. Temos 650.000 desempregados (inscritos) 300.000 deles que não recebem qualquer subsídio, o desemprego em crescendo muito dele jovem, medidas contra todos os direitos adquiridos – há razões para descontentamento, manifestá-lo é normal e salutar para a sociedade.

Depois não é pelo aspecto, pelo penteado ou pela farpela, que se identificam os manifestantes “desordeiros”, nem pela organização que convoca as manifestações. Os jovens não enquadrados pelas centrais sindicais não são mais perigosos. Têm sido provocações de polícias infiltrados e até de organizações de extrema-direita (às claras) que têm provocado desacatos.

Se a polícia continuar a demonstrar estar interessada em provocar o confronto, isso vai inevitavelmente levar a outras formas de organização e demonstração por quem quer manifestar-se.

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