sábado, 10 de dezembro de 2011

Bacalhau, como escolher, como comprar e preparar.

Zarbo - parece bacalhau.


Antes de escolher o melhor bacalhau verifique se é mesmo bacalhau, entre a dúzia de famílias de mais de duzentas espécies são comercializados com o nome de bacalhau principalmente cinco peixes. Dois bacalhaus e três “tipo bacalhau” tudo vendido como bacalhau. Todos os peixes são bons mas bacalhau-bacalhau só há um, é como a diferença entre o queijo da Serra e o “tipo-Serra”.

O bacalhau português, que nós comemos como bom bacalhau (conhecido no Brasil como do Porto), é do Atlântico Norte, pescado do Canadá ao Mar da Noruega onde circula seguindo as águas frias. Denomina-se Gadus Morhua e distingue-se do Bacalhau do Pacifico (Gadus Macrocephalus) por a sua carne ficar em lascas depois de cozido. O do Pacifico, de coloração mais branca, desfia-se melhor, mas não tem o paladar nem a consistência após cozer, a que os portugueses se habituaram. O que dantes pescávamos vem agora principalmente da Noruega e da Islândia.

É fácil distinguir o bacalhau legítimo dos seus sucedâneos, o bacalhau tem a cauda com corte a direito e 3 barbatanas dorsais. Quando escalado no mar à faca, fica com 3 pontas do lado da cabeça, (melhor condição para a cura que o congelado para posterior tratamento).

Os outros peixes “ditos bacalhaus” são muito diferentes; se tiverem escamas escuras e cauda bifurcada (em V) é o Saithe (escamudo). Se forem estreitos com cauda arredondada e barbatana longitudinal é o Ling. Mais altos mas pequenos com cauda redonda ligada às barbatanas longitudinais é o Zarbo. São óptimos para vários pratos; assados, caldeiradas, bolinhos etc. mas não são bacalhau legitimo.

Como escolher depois de identificado o bicho? Primeiro, estar seco, não pode ter mais de 47% de humidade, mas sei que há grandes superfícies onde as perdas em água ultrapassam os 60% por não despacharem as vendas. Descontos de 25% e mais em promoções são mais rentáveis que deixar o bacalhau secar (literalmente) nas bancas. Apalpar o bacalhau e pegar-lhe para ver se dobra muito é aconselhado. Quanto mais seco mais barato e melhor é.

Depois deve ter o aspecto regular à superfície, uniforme na salga, sem manchas, fendas ou colorações anormais (o Morhua tem cor palha geral).

O barrete chamado “asa branca” é o mesmo bacalhau que tem o peritoneu (pele escura) que cobre a barriga do peixe, pagar mais uns euros por uma operação de segundos após a demolha, não é opção em tempos de austeridade.

Mas se a compra é importante a demolha é fundamental, bons exemplares são estragados nessa operação. Tem de ser feita no frigorifico, num recipiente apropriado, por 12, 24, 36 ou 48 horas conforme a espessura das postas, sempre com a pele virada para cima, mudando a água 2 ou 3 vezes por dia. Afina-se com a prática. Para a cozedura mergulha-se ainda na água fria e quando começa a ferver está cozido, o corte em largura das postas também se afina com a prática.

Ainda pode estragar o prato de bacalhau com um mau azeite, cá em casa vai com o da Cooperativa de Valpaços, couve portuguesa (Penca de Chaves), e batata transmontana. Boas Festas.

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3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei, bom Natal. Abraço Carlos Godinho

Maria Eduarda Colares disse...

Ora aqui está um post que me fez pensar nas coisas boas que ainda se mantêm! Gostei! Beijo

Unknown disse...

Na imagem o peixe é Zarbo; parece bacalhau.