sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A detenção de Duarte Lima é boa notícia sobre a Justiça?

Esta música é uma gaita. Nov.2011


Está a embandeirar-se em arco com a detenção de Duarte Lima, quando o processo do BPN está a ser julgado sem a mínima cobertura jornalística. Há uma máfia muito poderosa que tem abafado o caso BPN, nada chega aos jornais ou às televisões. No entanto, a ladroeira, cujo prejuízo o povo português está a pagar com austeridade desemprego e miséria, teria de certeza muita audiência. Pergunta-se, quem é o “capo” que tem poder para manietar toda a comunicação social?

Depois, e ao contrário dos vivas ouvidos ontem, reservam-se dúvidas sobre a qualidade da investigação e da acusação a Duarte Lima. O método usado, de chamar as televisões para todas as moradas onde ia haver diligências, informar os arguidos (o principal pelo menos) da intenção da detenção, são sinais, que em casos anteriores, quiseram dizer que a Justiça procura a condenação do público, por temer não ser capaz de conseguir a condenação judicial. Pode não ser assim agora, tem sido assim sempre.

É assim desde o caso Dona Branca, já contei a história noutro lado. A Polícia Judiciária sabia do envolvimento dum juiz no bando da “banqueira do povo”, como não conseguia provas, deu a “fuga” a um jornalista do Expresso (o meu grande amigo Celestino Amaral). A peça foi publicada, o jornal processado, se a PJ não tinha provas o jornal também não, e Balsemão pagou 7.000 contos de indemnização. Andou uns tempos na boca do mundo, esqueceu e hoje esse juiz tem um bom cargo no sistema.

No sentido da mediatização desnecessária vai também a noite passada por Duarte Lima nos calabouços da PJ. Com um mandato internacional de prisão ia fugir do país? E as buscas? Depois de darem dois anos a Duarte Lima e quatro à empresa que comprou os terrenos de Oeiras para limpar rastos, o que encontraram? Se não foi nada, foi muito menos que encontrariam se a investigação fosse tão célere para o peixe graúdo como para o miúdo.

De qualquer maneira vai-se sabendo para onde foi algum do dinheiro “desaparecido” do BPN. Neste “negócio” do ex-líder parlamentar do PSD e família, (filho e o deputado PSD Vítor Igreja Raposo) foram 44 milhões de euros, falta saber do resto, a parte do leão dos 4.500 milhões de euros. Estranhou-se a venda do BPN ao BIC a preço de saldo, o maná distribuído por Oliveira e Costa e que haja gente que não responde por nada, mas o mais importante é que se consiga reaver algum do dinheiro roubado, é para abater à dívida que os portugueses estão obrigados a pagar.

A mediatização do caso Duarte Lima podia ser a partida para o jornalismo cobrir o que se passa no julgamento do BPN, mas não acredito, mais facilmente saberemos se as trutas do Armando Vara foram comidas pelo sucateiro de escabeche ou na grelha, que o que se passa com o dinheiro que estamos todos a desembolsar no BPN. Comparado com o caso BPN o Face Oculta não é “peanuts” é tremoços, mas é o “direito à informação” que temos.

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3 comentários:

Anónimo disse...

Existe outra hipótese: o julgamento a Duarte Lima ser uma forma encapotada de juridicamente, ao condená-lo por cá...ele não ser extraditado para o Brasil, para o julgamento de lá. Isto tudo pode ser para ajudar o Duarte Lima...
Paulo Mesquita

Anónimo disse...

Boas Paulo e Carlos,
ele nunca seria (será) extraditado. A Constituição sobrepõe-se a todos os outros tratados e convénios e não o permite.
O Carlos tem razão, aqui há um poderoso lobby ... e os mesmos que paguem.

Anónimo disse...

Diálogo entre Colbert e Mazarin durante o reinado de Luís XIV ( "L' État c'est moi")


"A classe média é o pó da sociedade. Está flutuando, não está em cima e nem embaixo..." (Leon Trotsky)





PERSONAGENS:

Jean Baptiste Colbert > ministro de estado de Luis XIV.
(Reims, 29 de Agosto de 1619 – Paris, 06 de Setembro de 1683)

Jules Mazarin > nascido na Itália, foi cardeal e primeiro ministro da França.
(Pescina, 14 de julho de 1602 — 9 de março de 1661)

- Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não
é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é
possível continuar a gastar, quando já se está endividado até ao pescoço...

- Mazarin: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se
parar à prisão.. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado
para a prisão. Então, ele continua a endividar-se...todos os Estados o fazem!

- Colbert: Ah, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como
é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
- Mazarin: Criam-se outros.

- Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

- Mazarin: Sim, é impossível.

- Colbert: E então...os ricos?

- Mazarin: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver
centenas de pobres..
- Colbert: Então, como havemos de fazer?

- Mazarin: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente!
Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos.
É um reservatório inesgotável!

Extraído de “Diálogos de Estado”