sexta-feira, 27 de maio de 2011

Privatizar as Águas? Olhe-se para a Grécia.

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O que se passa actualmente na Grécia, com dificuldades em cumprir o “Memorando de Entendimento” que assinaram com a troika, e o abandono a que foram votados pelos ricos da Europa, devia centrar as preocupações nacionais.
O que devia estar a ser discutido na campanha eleitoral era o programa de governo que a troika impôs, a sua aplicação na situação portuguesa, e as consequências.

Temos passado o tempo com as gafes de Passos Coelho e as respostas de Sócrates às rábulas, esquecendo as certezas que nos esperam.
A esquerda contribui para o debate autista; ao PS não interessa admitir o que assinou, e à sua esquerda temos a demagogia de que é possível continuar como se nada tivesse acontecido no mundo. A ideia que temos uma crise isolada, criada por um só homem, não entra em casa de ninguém que tenha televisão.

PCP e Bloco gastam o tempo a atacar um governo que tem uma semana de vida e que está mais que avaliado. Os portugueses querem saber quem vai governar a seguir. Se as intenções de voto no PS são muitas não é por não se saber o que Sócrates fez (de positivo e de negativo), há muita gente que o apoia para governar nas circunstâncias especiais que aí vêm. Numa semana isso não vai ser alterado.

Já antes referi aqui a privatização das águas. A Grécia não queria privatizá-las, nem os portos, a ferrovia, os correios, entre outros, mas o governo de Papaconstantinou (finanças) está a ser obrigado a fazê-lo, por causa do incumprimento das metas acordadas.

 O “nosso” “Memorando de Entendimento” nas medidas orçamentais estruturais – Privatizações, (pág.14 trad. ponto 3.31) – não refere qualquer privatização das águas até ao final de 2011. Mas diz também que: “O governo identificará, na altura da segunda avaliação trimestral, duas grandes empresas adicionais para serem privatizadas até final de 2012”. Aquando da avaliação já teremos outro governo. Passos Coelho já disse que quer privatizar as Águas de Portugal e a Caixa Geral de Depósitos, Sócrates e o PS, assim como a restante esquerda já disseram que se opõem.

Se Passos Coelho for o próximo primeiro-ministro e tiver uma maioria parlamentar os bens públicos levam sumiço.
Só um esforço contra a abstenção e o voto branco (que vai para o vencedor) pode evitar a privatização das Àguas e CGD.
Mesmo assim e olhando para a Grécia, é capaz de não chegar.

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