quarta-feira, 4 de maio de 2011

Acordo com a "troika" cria problemas à oposição.

Num post do dia 20 de Abril levantava o problema de haver ou não verdadeiras negociações entre o governo e o FMI/CE/BCE. Terminava com uma nota sobre o PS dizendo que quando lhe entregavam o ónus da negociação, isso tanto podia ser mau para o PS como “uma enorme vantagem eleitoral”. A parte do acordo divulgada por José Sócrates das “medidas que não vão ser tomadas” contradiz a análise que a oposição fazia das negociações.
Para o PCP e BE não havia qualquer negociação, por isso nem iam estar presentes, e PS + PSD + CDS concordariam com as medidas porque elas seriam o seu programa de governo. Independentemente de terem de assinar o acordo, e num hipotético governo terem de o seguir, não se pode dizer que são o programa do PSD ou do CDS.

Lembrando o que disse ontem o primeiro-ministro:

 Não haverá privatização da Caixa Geral de Depósitos nem revisão constitucional; não haverá despedimentos na função pública nem sem justa causa; não se mexe nos 13º e 14º mês dos funcionários e dos reformados, nem são substituídos por certificados de aforro; não há mais cortes na função pública nem redução do salário mínimo; mantém-se a tendência gratuita do Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública; não haverá privatização da segurança social, nem plafonamento das contribuições, nem alteração da idade da reforma.

É patente que muito do que disse Passos Coelho e outros dirigentes do PSD; do que saiu das conclusões da iniciativa “Mais Sociedade”, e declarações avulsas de vários outros neo-liberais, estão entre as “medidas que não vão tomadas”.

A reacção de Eduardo Catroga em representação do PSD, reivindicando para o PSD a influência determinante nas negociações, quando antes se queixava (em cinco cartas) de estar de fora e nada saber, é uma incongruência. O não discordar do acordo com “as medidas que não vão ser tomadas”, que são parte importante das suas medidas, irá ter reflexos eleitorais.

Num primeiro round pós queda do governo, José Sócrates marcou pontos contra toda a oposição. Quando se souberem as medidas impopulares, que irão dividir a oposição de direita que pedirá mais, e de esquerda que não aceitará nenhumas, José Sócrates aparecerá como fiel da balança, no jogo que sabe fazer para conquistar o centro que define os resultados eleitorais

Temos assim um sobrevivente que já foi dado como morto há muito, por via dos erros políticos das oposições.



2 comentários:

Dezembro 1921 disse...

Mesquita, no fundo quem se lixa serão os mesmos de sempre. Custa-me dizer isto mas o único dirigente da oposição que mantém algum sentido de Estado é o Portas, os outros são bem piores que os que lá estão. Abraço. C.Godinho

Carlos Mesquita disse...

Sem dúvida. Há aí uns camaradas de esquerda que apesar de não falarem para mim, tenho tentado entendê-los. Já desatarraxei 98% dos neurónios e ainda não os percebo.
Lá que têm um rico modo de vida - têm. É a vida.